domingo, 29 de janeiro de 2012

A Separação (Asghar Farhadi)

As vezes tenho medo de não ter entendido o filme por não concordar tanto assim com o que os outros dizem sobre ele, mas acho que aqui está o espaço para falar das minhas sensações, e assim vai ser com esse post.



É complexo, é diferente do que eu imaginava que seria. O filme começa com o divórcio do casal em cartório, pois não entram em acordo se mudam-se para outro país ou não. O filme se desenrola a partir dessa decisão de separação  que parece por horas ter volta e por outras não.
O grande atrativo do filme foi a muito bem feita falta de partido que se toma enquanto espectador, ou melhor dizendo, a mudança de partido que se torna ao longo do filme sobre os personagens. Na maioria dos filmes, os mais comerciais principalmente, o roteiro é feito para que tomemos algum do começo ao fim ou que mudemos completamente perto do final e oh! aquela surpresa! Em A Separação somos direcionados a tomar partidos completamente diferentes ao longo da trama, a medida que fatos e verdades nos são apresentados.
Ao se ver o filme, se você não presta muita atenção e não se tão uma memória tão forte assim de cada detalhe, você se vê sua opinião ser jogada mais vezes e com mais forma, mostrando mesmo uma manipulação de meias palavras.


Para não ser tão vaga, explico a base do filme, antes dessa mudança de explicações ser retratada. Nader, o marido, não quer mudar-se para outro país pois seu pai tem alzheimer e não o deixaria sozinho. Após Simin, a esposa, sair de casa, ele procura alguém para cuidar de seu pai enquanto está no trabalho, e esse alguém é Razieh. Um dia ele chega em casa e seu pai está sozinho, amarrado à cama e caído ao chão. Quando Razieh chega ele a expulsa de sua casa e acusa de ter roubado o dinheiro que estava em seu quarto e ela nega e não quer deixar a casa, é quando ele a empurra para fora. A partir daí não se sabe de que lado está a verdade e os "verdadeiros" fatos vão sendo apresentados.


O filme é muito mais complexo, obviamente, do que estou retratando. Não conheço muito (quase nada) da real cultura islâmica, mas acho que seja um retrato mais perto da realidade do que o que usualmente vem para o ocidente, americanizado. Justamente por isso acho que não deva ganhar o Oscar de melhor filme em língua estrangeira, mas vamos ver. Levanta questões como a submissão patriarcal um pouco desconstruída logo na primeira cena do filme, e religião, tratada de diferentes forma por Razieh e Simin.
Merece muito ser visto, nos traz reflexões pesadas que, penso eu, podem não ter sido todas reais intenções do filme.
Ps: não precisa esperar até passarem os últimos créditos, não vai ser mostrado nenhum detalhe a mais.

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