terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O Zero Não É Vazio


Para inaugurar a crítica de documentários tá aí esse filme lindo! Vou chamar de filme pois o termo "documentário" me remete alguma coisa não artística.
O filme começa já com uma viagem, "as cinco peles de Hundertwasser" (quem quiser pesquisar sobre é bem legal, mas não acho que valha a pena dissertar tanto sobre aqui no blog) e, ao longo do filme, vão sendo trabalhadas, de um jeito bem abstrato, as cinco peles. Na ordem, são: a epiderme, a roupa, a casa, o eu e o outro, o universo.
A temática central do filme é explorar a arte da escrita de escritores não profissionais, ou não tidos como autores. Há uma discussão muito profunda e implícita sobre os limites (existentes? será?) entre o que é loucura, stress, trauma, normalidade, genialidade. As pessoas retratadas certamente são tidas pelo senso comum como loucas, fora do normal.. mas será que são? Ou será que só enxergam mais além e profundamente do que a maioria das pessoas? É uma "viagem" que é necessária fazer pelo menos alguma vez na vida.
Os personagens incluem morador de rua, ex-prostituta, ... Pessoas que vivem no abismo da sociedade atual e tem seu jeito de enxergar a vida e eles sim se mostram os verdadeiros artistas, escritores. Apesar de tudo que estou falando, o filme não é sobre a loucura e sim sobre a escrita. Assim como cada um tem seu jeito de enxergar a vida, tem um jeito de se expressar no papel. Modo de contagem do tempo, divulgação em árvores para pedestres, invenções de máquinas são seus artifícios de obra.
Não é, de jeito nenhum, um filme pra qualquer um. Não digo isso de maneira pejorativa nem nada disso, pois acho que não estou pronta pra ver ele e o compreender e, por mais que muitos filmes sejam ditos assim, esse é um filme que te deixa com essa sensação e não por que alguém te disse que você não entendeu. No começo você reza pra que essas cenas da foto acima passem rápido, onde um senhor mostra suas figuras em carvão, mas logo logo você realmente entra no mundo dele e não quer mais sair! A vontade ao terminar é sair escrevendo por aí!
Ps: no finalzinho do filme a explicação do seu nome é sensacional!

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